Glossário de Moda Sustentável

Armário compartilhado: Espaço (ou loja) que dispõe de um “acervo circular” de peças de vestuário, ao qual os clientes acedem, escolhendo um determinado número de artigos  pelos quais pagam uma contrapartida, correspondente ao período de utilização. As roupas devem ser devolvidas em perfeito estado. Os clientes podem fazer doações para o acervo, podendo em certas situações, receber uma percentagem do lucro, quando estas forem utilizadas (espécie de consignação).

Aterro sanitário: Local onde se depositam os restos finais de materiais gerados pela atividade humana. Quando fica cheio pode ser simplesmente fechado ou, fechado mas reaproveitado como um parque.

Biocombustíveis: Combustíveis de origem biológica, não fósseis. São fontes de energia renováveis.

Biodegradável: Característica de um material de ser decomposto por microorganismos vivos até desaparecer por completo.

Ciclo de vida: Conjunto de etapas de um produto, desde a extração da matéria-prima até ao seu descarte.

Comércio ético: Transações nas quais se verifica o respeito por um conjunto de princípios básicos que garantem condições de trabalho humanas, ao longo de toda a cadeia de fornecimento. De entre esses princípios, destacam-se a eliminação de trabalhos forçados e trabalho infantil, de tratamento desumano e discriminação; garantia de liberdade de associação e salários mínimos; locais de trabalho com condições de higiene e segurança; e assegurar jornadas com número de horas não excessivas.

Comércio justo (Fairtrade): Transações baseadas no respeito, transparência e diálogo. Nestas, os agricultores dos países produtores são bem pagos pelos seus produtos e ganham um salário digno; aos pequenos produtores é pago um preço justo, com garantia de estabilidade do mesmo e é dado suporte técnico para melhorar a qualidade do produto. Promove o desenvolvimento social.

Customização: Personalização ou adaptação de um produto de moda, sem alterar a sua função original. Através de várias técnicas, desde aplicação de patchs, pedrarias, de tingimentos ou lavagens, cortes criativos, etc., é muito utilizado para renovar e tornar mais apelativas as roupas em segunda mão.

Cruelty free: Certificação americana de produtos fabricados sem a realização de testes em animais ou qualquer forma de crueldade sobre os mesmos ao longo da cadeia industrial de fornecimento. Prática permitida na China, proíbida na Europa e opcional no Brasil.

Ecofashion ou green fashion: Cadeia de fornecimento e práticas de consumo de artigos de moda com o objetivo, de reduzir ou eliminar os impactos ambientais (poluir, destruir ou reduzir os recursos naturais do planeta), em todas as suas fases. Inclui extração e manuseamento mais sustentável de matérias-primas, utilização de outros consumíveis produtivos atóxicos e biodegradáveis, tratamento dos efluentes, redução e neutralização das emissões atmosféricas de gases e a informação sobre o correto destino a dar no fim do ciclo de vida, estimulando à reutilização, reciclagem, upcycling ou outras formas de manter o equilíbrio ambiental.

Fastfashion: É um fenómeno surgido nas últimas décadas, de integração vertical dos retalhistas de moda, que desenham as suas coleções muito rapidamente e depois vendem-nas nas suas próprias lojas, a preços baixos. Estes fabricantes acompanham as novas tendências da moda, assim que chegam às passarelas, e disponibilizam-nas nas sua lojas, em poucas semanas. A velocidade com que os fornecedores de moda colocam as últimas tendências à venda, é determinante para o seu volume de negócios. Este comportamento gerou também um aumento no volume geral de artigos de moda, no mercado. Esses artigos só podem ser vendidos se o consumo aumentar proporcionalmente, logo com preços e qualidade baixos (fibras sintéticas baratas produzidas com petróleo, uma matéria-prima finita), associados.

Fibras orgânicas: Fibras naturais, que podem ser de origem animal ou vegetal, em cuja origem não foram utilizados inseticidas, fungicidas ou herbicidas tóxicos.

Fibras recicladas: Fibras que resultam de processo mecânico ou químico eco-friendly, a partir de resíduos têxteis pré-consumo (restos de fios, tecidos e malhas recolhidos em fábricas e os desperdícios resultantes da produção) ou de resíduos pós-consumo (vestuário descartado). Os processos mecânicos degradam as fibras com cada ciclo de reciclagem, enquanto a reciclagem química pode dar origem a fibras de elevada qualidade, cada vez mais semelhantes, em termos de qualidade, às fibras virgens.

Fibras regeneradas: Fibras produzidas, a partir de matérias-primas renováveis, cuja produção que ocorre, naturalmente, por meio de processos químicos. Essas fibras incluem viscose, modal, tencel ou cupro, por exemplo. O material de origem é a celulose, extraída da madeira ou de resíduos da indústria produtora de algodão. Embora nem todo processo de produção usado para fabricar fibras regeneradas seja igualmente ecológico e sustentável, as fibras regeneradas são consideradas a fibra do futuro para a indústria textil. A Tencel, por exemplo, tem uma pegada ambiental mais baixa do que o algodão. Utiliza muito menos água, é neutra em carbono e pode ser obtida em qualquer lugar do mundo. Os ativistas dos direitos dos animais são fortes defensores da superioridade ética dessa fibra em relação às fibras naturais dos animais, como a lã.

Impacto ambiental: Efeitos positivos ou negativos provcados no meio ambiente pelas atividades de produção e consumo.

Just-in-time: Tecnologia de produção que permite a confeção mais rápida em 30% a 40% do que utilizando processos tradicionais, sem que exista necessidade de acumular stocks. Este método baseia-se maioritariamente em instalações dotadas de tecnologias específicas (robotização, p.e.) para lidar com funções específicas.

Lavagem ecológica: Técnica realizada nas tinturarias corretas e/ou certificadas, que usam água em ciclo fechado, i.e., tratam os resíduos industriais gerados e utilizam os químicos de menor impacto, para lavar e amaciar.

Lavagem verde (greenwashing): Conjunto de afirmações e divulgações, de âmbito ambiental, falsas ou exageradas, feito por uma entidade/empresa, ou sugerido por um produto, maioritariamente, associado a uma campanha publicitária ou promoção.

Lyocell: Método para produzir fibras de madeira, através da dissolução com solvente orgânico e processamento mecânico, da celulose da polpa, em circuito fechado, sem nenhuma alteração química. Esse processo físico de Lyocell é muito mais simples que a produção de fibras regeneradas, como a viscose, e requer apenas duas etapas. A tecnologia desenvolvida pela Lenzing permite que mais de 99% do solvente seja recuperado e reutilizado em um circuito químico fechado e, em seguida, devolvido ao processo de produção. O mesmo se aplica à água do processo que também é reciclada em um processo de circuito fechado. Esses dois circuitos fechados explicam as emissões extremamente baixas do processo de produção Lyocell da Lenzing.

Moda atemporal: Peças de vestuário, calçado ou acessórios que não seguem as influências do mercado fast fashion; não perdem interesse por mudança de tendência ou estação, representando uma solução de maior longevidade. De modo geral, não possuem estampados e são fabricadas com materiais de elevada qualidade e durabilidade.

Moda circular: Corrente assente nos princípios da economia circular, que objetiva eliminar o desperdício, de qualquer fase do ciclo da vida, através da reciclagem biológica ou técnica, de materiais e produtos descartados.

Moda consciente: Consumidor comprometido, que procura informações sobre a indústria e produtos de moda alinhados com a redução de impactos, e o segmento de mercado que produz dessa forma mais coerente, preocupado com a transparência e em incentivar a reflexão.

Pegada de carbono: Quantidade de dióxido de carbono (CO2) e outros gases prejudiciais, emitidos para a atmosfera, em resutado da utilização de combustíveis fósseis (p.e. derivados de petróleo), para gerar energia as máquinas de costura, de corte, de lavagem e para os meios de transporte. Os gases de efeito de estufa são também libertados durante a produção de algumas fibras.

Produção em ciclo fechado: Sistema de produção que permite que um produto chegado ao final da sua vida, tenha um de dois destinos: a compostagem ou a reciclagem na criação de novo produto, geralmente, do mesmo tipo do produto original.

Produto rastreado: Produto de origem transparente e certificada, produzidos tendo em conta práticas sustentáveis ao longo de toda a cadeia produtiva. Existem metodologias para cálculo da quantidade de recursos naturais consumidos, dos gases emitidos para a atmosfera, etc., até o produto chegar às mãos do consumidor. As marcas que investem no rastreamento dos seus produtos, mostram-se ativas e comprometidas.

Produto vegan: Produto que não incorpora qualquer material de origem animal e seus derivados (p.e. mel), não foi testado em animais, nem teve qualquer participação em cadeia produtiva que tenha envolvido crueldade animal.

Responsabilidade social corporativa: Padrões éticos e de sustentabilidade assumidos por uma empresa, que habitualmente, os divulga num relatório anual, como forma de informar acionistas, clientes, fornecedores e público em geral, sobre as realizações e progressos atingidos face aos que se comprometeu.

Reutilização: Reaproveitamento de produto ou parte deste, para a mesma função, ou adaptado a outra (através de redesign ou customização). O produto não se encontra, necessariamento, no fim do seu ciclo de vida.

Slowfashion: Inspirado no conceito “slow food”, significa valorizar o bom, limpo e justo, e estendendo-se à moda, também o belo. Este movimento defende a desaceleração da indústria, práticas limpas (e transparentes), preços justos, proximidade entre produtor e consumidor, qualidade (e durabilidade) em vez de quantidade, respeito pelas culturas locais, recuperação de técnicas tradicionais artesanais, valorização das relações de afeto com as roupas (roupa com história), utilização de fontes renováveis, globalmente, uma alternativa mais sustentável para a indústria da moda.

Tecidos reciclados: Tecidos produzidos de fios reciclados.

Tecidos tecnológicos: Tecidos desenhados para trazer soluções para a sustentabilidade ambiental, eficiência, durabilidade, entre outros. São desenvolvidos em laboratórios de investigação e desenvolvimento, utilizando materiais como celuloses, camurças vegetais, polímeros de fontes renováveis, compósitos mistos, poliamidas aprimoradas, etc.

Tingimento natural: Técnica que evita a utilização de corantes e conservadores químicos, que despejados como efluentes, sejam nocivos a rios e oceanos. É um processo artesanal que recorre a pigmentos que se encontram na natureza, nomeadamente, em sementes, cascas ou frutas.

Upcycling: Redesign e transformação criativa de resíduos texteis para criar novos produtos de moda, atribuindo um maior valor agregado ao resíduo. É possível alterar a função original do produto. No processo podem ser acrescentados elementos de baixo impacto (etiquetas biodegradáveis, linhas de algodão, etc.) que facilitarão a posterior reciclagem.